Um dia, para sair da rotina, decidi contrariar o certo, ludibriar as leis, achando que tudo terminaria em pizza, como sempre terminou. Pelo menos no meu país, ainda é assim. Nasci, cresci assistindo as barbáries saindo pela tangente e pouquíssimos cidadãos pagando o preço real.
Viajei o mundo, conheci lugares extraordinários, pessoas de boa e má índole e aproveitei para ganhar um dinheiro fácil. Muito fácil.
Não que eu precisasse.
A vida é uma escola, você só precisa prestar atenção na aula.
O lance era o seguinte: entrar em uma país transportando uma mercadoria proibida. Uma mercadoria que fazia "alucinar", esperada por muitos e que poucos tinham coragem de fazer a viagem.
Eu tive essa coragem, eu senti adrenalina. Eu a queria.
Só não esperava ser descoberta, pega, sem escapatória ou justificativa.
E sim, eles me pegaram e acreditando numa política corrupta e de fácil manipulação assumi o meu erro. Que mal tinha nisto?
Porém, foram implacáveis, me julgaram certamente e decretaram minha condenação.
Somente depois, muito tempo depois, entendi o significado de meus passos e o arrependimento foi intransigente. Queria sumir dali, recomeçar a engatinhar desde o berço, ficar ao lado daqueles que realmente me trariam paz e leveza de viver.
Agora era tarde, minha respiração estava cada vez mais pesada. Não sentia as pontas de meus dedos, não sentia nada além de dor e desespero.
Eu sei, pagaria o preço real da minha intransigência. Quantas vidas eu iria destruir se meu intento chegasse até o final?
Perdoe-me por fazê-los passarem por isto. Perdoe-me por ter vivido em um país que aprendi a ludibriar o sistema, onde tudo sempre foi possível e os próprios governantes apoiam erros assim, como o meu.
Se na minha nação, contrariar leis levassem ao mesmo final que fui sentenciada, seríamos um lugar melhor para viver e menos lágrimas correriam nos rostos daquelas mães e pais que tentam conviver com a dor de ter perdido os seus filhos para o lado negro desta maldita escola.
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